sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Veneno, por Bruno Bezerra.

Para todo sofrimento um veneno Amargo depois de um doce Sem dor, sem estomago Sem cantos ou mundos Apenas dor e mais um veneno. Esposa do medo que o segredo abriga E o amor que as entranhas sufocam Almoça minha ferida Abriga em minha barriga Depois vomita sem ânsias Anestesiando erros e medos E me rasgando ao avesso Com verdades que nem um veneno apaga.

Amor demente,por sérgio salvati.

Enquanto a flor mais bela Revela a poesia do encanto Boemia eu canto a dor Amor me lanço à paz Jaz meu sonho paraíso Realizo em vida e morte Sorte disparo ao peito Feito flecha ao coração Paixão ardente em chamas Exclama o cupido duende Demente eu amo esta flor

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A Cigarra, por Heloisa Galvez.

Era uma jovem cigarra em meio a tantas. Morava perto do mar, num pedaço pequeno e esquecido que ainda restava da mata atlântica. Ali pertinho construíram a sede da nova escola de samba da vila; “Unidos da Mata Funda”. Ouvia todo dia aquele sambão alvoroçado. Queria dançar...Queria cantar. -Só cigarras machos cantam.- você não tem esse poder! Falou-lhe um “cigarro” velho, muito rígido quanto a esses conceitos! “Ah mas que absurdo! Pensou ela. E a história da cigarra e da formiga? Se isso for verdade, quantas crianças pequeninas terão que rever seus conceitos! Quantos processos irão cair sobre La Fontaine”? Não achou justo nem aceitou. Deixou a vila de cigarras e partiu, nem chegou a ir muito longe. Leu, numa placa enorme, grande demais para uma cigarra. “Mãe Canjica. Joga-se búzios e transforma seus desejos em realidade” Entrou no casebre por debaixo da porta. Chegou justamente numa “gira de baianos”; homens cantando com seus atabaques e mulheres dançando e cantando....Achou a coisa mais linda do mundo. “Porque fui nascer cigarra, queria ter nascido mulher!” Decidiu procurar Mãe Canjica; aquela que realiza o desejo de todos! Procurou escondida entre arestas da madeira até tentar entender quem era dali a chefe, foi fácil perceber. Era uma senhora muito velha, muito mesmo, estava sentada no canto mais alto com uma bengala na mão. Seu rosto lhe inspirou bondade e confiança. Tentou chegar perto dela, mas afinal como? Era um inseto, ela lhe mataria com uma bengalada só! Esse pensamento não lhe acovardou, num pulo caiu no colo de rendas brancas da velha “Santa”.Esperou o berro. -Ai mas que bunitinha....-uma cigarra!-bom sinal, os orixás às vezes se apresentam assim, na forma de insetos... E todos quiseram ver. -Será Xangô? -Pra pular assim deve ser Oxossi! A velha arreliou: -Mais que ocês num sabem nada mesmo, num tão vendo que a inseta é muié? Todos se entreolharam, como a velha sabia? -Eu sei porque sou veia! –já vi de tudo nessa vida....-essa aqui devi sê fia de Yemanjá, oia as forma perfeita, inté bundinha tem.... Com o alvoroço instalado pela cigarra, os atabaques pararam e colocaram umas músicas de Clara Nunes. A cigarra arrepiou-se nunca ouvira nada assim, começou a ensaiar uns passos ali mesmo no colo da velha. Todo mundo ficou estarrecido. -Mãe Canjica! –a cigarra dança! Ah fiô dança sim, já vi tanta coisa nessa vida, já vi vira-lata entrando na gira e dançando qui nem si fosse home, vi vaga-lume no conga de Yansã acendendo com seu fogo frio uma vela vremelha pra ela. Vi numa tardinha um monte de brabuleta amarela cantando pra Oxum, na berada duma cachoeira. -Mas cantavam? Perguntou um filho. -Mais ô se cantavam, dava até pra ver as boquinha delas se mexendo... -Vi numa noite os bizorro de Xangô, punhando fogo num capinzar de um homem que chutou a cabeça duma imagem do Santo. A cigarra entendia tudo que a velha falava, como? Não se sabia. “Deve ser magia” pensou. -E essa cigarra aí mãe? -o que ela tá querendo? A velha se levantou e foi até o quartinho secreto que só ela entrava. Saiu de lá com uns pacotinhos na mão. A cigarra esperou no braço da cadeira. Agora zifiinha, falou olhando pra cigarra, vou vê aqui nus búzio, o que yemanjá qué docê. A cigarra nunca tinha visto nada igual, mas uma esperança tomou conta do seu pequeno coração. A velha jogou. Todo mundo olhando. -Mas Mãe, isso aí não são búzios! -são sementinhas! -E isso daqui num é gente, é uma insetinha! Zangou-se. A velha jogou mais uma, outra e outra. -E aí Mãe Canjica? -E aí meu negócio agora é com essa fia de yemanjá aqui, ocês vão tudo embora!-chispa, chispa! -E o povo contrariado foi-se embora, frustrados mas respeitosos.... A velha então colocou a cigarra na mão e falou: -É fia, seu desejo é um tanto difici...-até pra Mãe.. A cigarra quis mostrar mais talento, dançou e emitiu gritinhos ritmados com a musica da Clara Nunes ao fundo. -É duro nascer cigarra muié quando se quer cantar, duro nasce muié cigarra quando se qué sê muié gente. A cigarra foi perdendo as esperanças... A Velha continuou... -Existe o cicro da vida fia. Primero ocê é pedra, dispois pranta, dispois vira bicho e dispois que vira gente.-ói, o que a mãe pode fazer por você é só um pouco. -vamo dize assim; uma preparação.... Levantou-se pegou um pouco de água do mar, que sempre colocava no conga de Yemanjá, e fez a cigarra tomar no dedo dela. Tomou tudinho.Gostava de sal. Colocou mais alta a música de Clara Nunes de modo que o bichinho nunca se esquecesse dessas melodias. Colocou ungüento de óleo com pimenta nas patinhas da cigarra: -Isso vai faze ocê dança tudo quanto for tipo de música. Depois misturou mel, limão e mais umas ervas que só ela sabia. Enfiou goela abaixo do inseto. A cigarra fez careta. -Sei que é amargo fia, mais isso vai te dá uma voz de cantadora, que pouca gente tem. A cigarra então esperou num “puf , a transformação”. A velha percebeu que a cigarra não havia entendido muito bem. -Agora fia, toma essa gota de veneno de serpente. A cigarra pensou que fosse mais um encantamento e tomou. Começou a sentir uma tontura boa até que adormeceu. A velha saiu da cabana, andou uns 100 metros e de longe viu a praia. Era noite de lua cheia. Foi assobiando as canções de Clara Nunes. Colocou a cigarra num barquinho feito de folhas duras e pedacinhos de tronco. Pôde ouvir-lhe o último suspiro. Entrou no mar até depois da rebentação, orou pra Yemanjá e soltou o barquinho que o vento carregou até onde a vista da velha não alcançasse mais. A cigarra por fim afundou no mar imenso. Sua alma ainda ouvia as melodias do terreiro, sonhou por muito tempo, sempre em meio à água, mas sentiu algo diferente, não se deu conta do quê. ................................................................... -Como essa menina chuta!- parece que dança na minha barriga!- ninguém mandou você ser sambista e amar Zeca Pagodinho! -E você que gosta da Clara Nunes! -Olha que acho que vai nascer! -Não acredito!-dois de fevereiro!-dia de Yemanjá! –nossa menina vai ser um sucesso! -e ainda vai nascer no meio da festança! A mãe apavorou-se. -O hospital tá muito longe, olha que não vai dar tempo, a bolsa estourou! -Meu Deus!-vou chamar a Mãe Canjica! Mãe Canjica já estava ali na porta malinha em punho. -Num vai carecê fio, sabia que a “menina cigarra” ia nascê hoje, vai sê parto facinho, vai vê! E foi. A menina nasceu com mais de 3 quilos, forte, comprida, uma beleza! Fizeram festa na vila por uma semana. Ninguém entendia porquê a mãe-de-santo a chamava de menina cigarra. Só entenderam depois de 5 anos. A menina era a melhor sambista da escola “Unidos da Mata Funda”. Cantar então, cantava como uma rainha! Os pais orgulhosos toda semana levavam presentes pra Mãe Canjica. -Mãe, que dom que a senhora tem! -chamou a menina de cigarra antes dela nascer! –como isso é possível? Perguntou o pai. -Ói fio, tudo nessa vida é um cicro... E riu baixinho. Escondendo na mão, uma aranha que queria ser atriz....
http://www.orkut.com.br/UniversalSearch.aspx?q=%22http%3Awww.alemdalenda.com.br%22

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

MIERCOLES , por josé garcia.

Pitos, autobuses y motos, los semáforos que hablan a los sordos en un lenguaje que sólo ellos comprenden, sueños y pelos chafados, música inconexa y fugaz en los coches, miedo y rutina, pues todo es igual y todo es nuevo, en cada instante y en cada sonrisa hay una promesa de futuro y de sombra, de amor, de aquello que, verdaderamente, nos hace temblar, y lo deseamos y lo buscamos, ya queremos subirnos al taxi de las emociones recónditas, menos banales, conducido por esa persona que nos dará un inmeso placer, y un enorme sufrimiento, ¿acaso no son consecutivos?, ando por la calle con un automatismo aún ignoto, ínclito... Hoy es miércoles. http://fundacionjosegarciajimenez.org/

Sabor, por Sérgio Salvati.

O ardor da dor limita os olhos O calor da cor tinge os poros O sabor do odor preso à fresta O pavor do amor escorre à testa O sabor da dor revela-se triste O pavor da cor escurece a íris O ardor do odor titubeante O calor do amor estonteante O pavor do odor exala morno O sabor da cor ilumina o corpo O calor da dor aquece na pele O ardor do amor enlouquece leve O pavor da dor tira a fome O ardor da cor fere o homem O calor do odor é só um gosto O sabor do amor é o oposto

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Quem Ama, consente. ( por sandro monteiro)

Esqueci-me... do resto... de Tudo... Nós dois, que mais? As mãos, unidas. As tuas, as minhas, as nossas. Tão difícil de esquecer! Não! De recordar... Os teus olhos, quando os meus derramavam lágrimas de felicidade, o que pedes de mim? Tenho que te dizer uma coisa, eu não me apaixono facilmente... E digo outra vez, a mim mesmo, não quero sofrer de novo. Sou perfeito, e não sofro! O cavalo branco, o cavaleiro... O Mar, o Vento... Tudo isto, palavras, sonhos... Sou a velha consciência a ralhar. Porque deixas ela amar-te ?! Calma... Porque te deixas chorar?... Agora choras, e amanhã? Amas!! Renuncia-te! Esquece-te... Esqueci-me... Do Tempo que se passou... e tu, continuas a olhar para mim, para mim... Esqueci-me, do que existe, do que é sonhado... Vislumbro-me numa névoa de luz, com cheiros frescos e sons difusos, sobrevoando a Lagoa Encantada... Nada é real, dizes-me. Nada é eterno... Mas... as Palavras não existem! A Lagoa Encantada não tem rostos, não tem reflexos!... As palavras, são esquecidas... engolidas pelas seguintes,... a Lagoa Encantada, é Eterna!!

domingo, 25 de janeiro de 2009

por má palas.

sinto-me motivada e ao mesmo tempo com uma sensação surreal porque é muito louco escrever algo em um caderno de outrem que já passou ou passa muito tempo pensamentos nele, com ele ou para com ele. geralmente meus cadernos são uma parte de mim, são sentimentos indecifráveis e loucos, êxtase a alma. e nisto tudo minha mente, onda estática, parada. os pensamentos são duros, não me pressiono, mas não sei porque eles não estão em profusão ou naquela sinergia de sempre. ás vezes, gosto desse momento: nada. assim quando tudo retornar será uma nova época e uma confusão. não quero terminar o texto, mas o findar. estou na tua casa e agora vamos assistir filme. em outro momento retorno ao caderno confessionário para escrever qualquer coisa q seja simplesmente uma parte de mim, de ti ou do mundo.

E o fogo não é brando, por bruno bezerra.

Saio pelo mundo voando Sugando o néctar das flores sublimes As ervas das noites daninhas E as cores dos dias verdinhos. Saio pelo mundo sonhando Com a realidade que habita em meu instante Com a saudade de um passado infante Determinante. Saio pelo mundo cantando Meus voos Meus sonhos Meus risos e prantos Que em melodias e encantos Externo meu ser. Em tudo que faço o amor é constante E o fogo não é brando Na figura em meu semblante De sujeito que ama, voa, canta, e sonha

profano, por bruno bezerra.

Profano é aquele que não se permite queimar de desejo

Não se liberta dos medos e dos conceitos “corretos”

Todo aquele que não goza sem pudor na alma

A cada pulsar dos nervos

A cada adentrar

A cada gotejo de lábios.

Profano é todo aquele que se limita ao deitar-se

Privando o paladar de cada uma das partes suadas

A visão da geografia móvel dos corpos

Se tornando apenas um

Na cumplicidade da libido.

www.myspace.com/brunobezerra

por bele guedes.

alguns vivem, outros sobrevivem alguns estrelam, outros simplesmente passam existe uma janela, várias janelas eu vejo o mundo, a correria desenfreada pela existência não humana BEM ME QUER? MAL ME QUER? você brinca, eu vivo o tempo passa.. o momento insiste na sua realidade meio irreal acreditar, fazer de conta mundo mágico, louco, lírico a irrealidade excita eu posso ferir você você me fere e...alice continua no país das maravilhas, ou será do espelho???

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

primeiro ato...

A poesia prevalece!!! O primeiro senso é a fuga. Bom... Na verdade é o medo. Daí então a fuga. Evoca-se na sombra uma inquietude uma alteridade disfarçada... Inquilina de todos nossos riscos... A juventude plena e sem planos... se esvai O parto ocorre. Parto-me. Aborto certas convicções. Abordo demônios e manias Flagelo-me Exponho cicatrizes E acordo os meus, com muito mais cuidado. Muito mais atenção! E a tensão que parecia não passar, “O ser vil que passou pra servir... Pra discernir...” Pra pontuar o tom. Movimento, som Toda terra que devo doar! Todo voto que devo parir Não dever ao devir Não deixar escoar a dor! Nunca deixar de ouvir... com outros olhos! Amadurecência O Teatro Mágico